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PROFISSIONALIZAÇÃO

DE JOVENS

Em setembro de 2018, o Caged apontou a existência de apenas

16.400 aprendizes ativos no Paraná

Por Andrey Ribeiro, Maria Cecília Zarpelon, Marina Prata e Sofia Magagnin

São diversas as razões que fazem os jovens buscarem um trabalho, desde a vontade de ter o primeiro emprego, por incentivo ou determinação dos pais, até a realização de um sonho, ou a necessidade de trabalhar para complementar a renda familiar. Esses jovens, que têm entre 14 e 24 anos, fazem parte do projeto previsto pela Lei da Aprendizagem, número 10.097, de 2000, que determina que empresas de grande e médio porte, ou seja, com mais de sete funcionários, tenham aprendizes em sua equipe.

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Dos mais de 450 mil aprendizes ativos no Brasil, apenas 16,4 mil estão no Paraná, o que representa 3,7% do total, de acordo com o levantamento feito em setembro de 2018, referente aos meses de janeiro a junho do mesmo ano, pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). Só para se ter uma ideia, em 2017, o Paraná tinha mais de 1 milhão e 800 mil adolescentes, conforme a projeção populacional do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No ano, o estado teria um potencial de contratação de 60 mil aprendizes, entretanto, somente pouco mais de 24 mil aprendizes foram admitidos, totalizando 40,2% das vagas. Em um ano, a redução de contratação de jovens aprendizes diminuiu 32%. 

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A Lei oportuniza que jovens trabalhem com todos os direitos e benefícios trabalhistas assegurados pelo regime Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) têm, como carteira assinada, 13º salário, férias remuneradas e depósito do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS ).

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De acordo com Diogo Neves Melo, coordenador pedagógico da Escola Social Eunice Benato, o Programa de Aprendizagem surgiu a partir de uma demanda de escolarização dos jovens no mercado de trabalho e, com isso, a legislação existente tem viabilizado a formação profissional, sem que aconteça a evasão escolar. A  Escola Social Eunice Benato possui um projeto de aprendizagem em parceria com o Grupo Marista.

PROFISSIONALIZAÇÃO

DE JOVENS

A Lei da Aprendizagem determina que instituições qualificadoras

estejam presentes no processo da relação entre a empresa contratante

e o jovem aprendiz. A instituição assume um papel educacional, por meio de

um curso de profissionalização que tem a mesma duração que o contrato de trabalho, conforme explica a assistente social da organização Gerar, Kelcybel da Silva. “O jovem tem o acompanhamento de uma instituição social com uma metodologia, que fortalece o jovem para que ele seja protagonista da sua vida, para que tenha outra visão de mundo”, comenta.

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O instrutor técnico Rafael Florentino reconhece que as instituições de aprendizagem, além da empresa, também têm responsabilidade sobre a formação do jovem. Por isso, na Escola Social Eunice Benato, a busca pela evolução é constante.

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Primeira oportunidade

Para muitos dos jovens, trabalhar, mesmo com a pouca idade, é algo positivo. Além de receber o salário de, em média, R$ 716, o jovem

tem a oportunidade de conhecer a realidade de uma empresa e, consequentemente, adquirir um conhecimento especializado em relação à função exercida. 

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A aprendiz Gabrielle Barbosa dos Santos, de 17 anos decidiu  trabalhar para se encontrar no mercado de trabalho e conhecer mais sobre a futura profissão. Hoje, ela atua como auxiliar administrativa no setor de engenharia de Petrobras.

RAFAEL FLORENTINO

Reprodução / Pinterest

De acordo com a psicopedagoga Bianca Haerber, o ingresso no mercado de trabalho é desafiador, independentemente da idade. Entretanto, para os jovens, o amadurecimento é um dos principais ganhos. 

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Perfil de Aprendizes no

estado do Paraná

Fonte: Caged, 2018

entre 14 e 16 anos

Meninos 

52,5%

Meninas

47,5%

"Nenhuma experiência na escola se aproxima da experiência real

do mercado de trabalho"

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O educador acredita que, por meio do programa, além da qualificação profissional, dentro da empresa o jovem passa a enxergar novos horizontes, que até então não eram vislumbrados. “Ele começa a construir o que quer ser a curto, médio e longo prazo. É um impacto importante e rápido”, analisa. 

"O jovem é protagonista da construção do conhecimento e os educadores auxiliam nesse processo"

A aprendiz Luiza Grolli, de 18 anos, reconhece que a possibilidade de trabalhar em uma empresa de grande porte, como o Boticário, abriu portas e mudou sua visão em relação ao mundo corporativo.

 

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A psicóloga Julia Camillo Barbosa,

especializada em neuropsicologia, 

avalia que o mercado de trabalho

para o jovem é um desafio,

principalmente porque ele ainda está

em processo de desenvolvimento.

Os conflitos internos, o fator da idade, as frustrações e o choque de gerações são algumas das dificuldades pelas quais o jovem costuma passar.

 

Para a especialista, o jovem precisa ter consciência

das suas limitações e pode contar com a ajuda de

quem faz parte do seu círculo social.

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JULIA CAMILLO BARBOSA

Reprodução / Shutterstock

Abertura da empresa

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Reprodução / Shutterstock

No Grupo Paranaense de Comunicação (GRPCOM) a contratação de jovens aprendizes é valorizada, segundo a analista de Recursos Humanos da empresa, Fernanda Salvi. “A ideia é  que estejamos cada vez mais abertos para a juventude que queira se desenvolver, trabalhar e aprender coisas novas”, destaca.

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Sobre a empresa, Fernanda explica que os aprendizes são tratados como parte da equipe e, por isso, trabalham também com o feedback constante do gestor para o jovem, para que o aprendiz possa evoluir profissionalmente.

A psicóloga Giovana Bonagura Bonini, especializada no tema da psicologia sistêmica, alerta que a geração de jovens ansiosos impacta a forma de se trabalhar, no entanto, eles podem colaborar, de forma inovadora,  com a empresa.

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Brasil é o país mais ansioso do mundo, com 7,5% da população com transtorno de ansiedade

Fonte: Organização Mundial da Saúde (OMS), de 2019

GIOVANA BONAGURA BONINI

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Cargos ocupados por jovens aprendizes no Paraná

André Luca Borges, de 21 anos, atualmente trabalha no setor do Data Entry do GRPCOM. Ele começou na empresa como aprendiz administrativo e permaneceu na função durante 2 anos. Quando o contrato acabou, por falta de vaga, acabou saindo da empresa. Alguns meses depois, André foi contratado, agora como efetivo.

Olhar para o futuro

Fonte: Caged, 2018

*de janeiro a setembro de 2018

Auxiliar de escritório

40,3%

Assistente Administrativo 

17,1%

Vendedor varejista 

5,6%

Repositor de mercadorias 4,8%

Manutenção de máquinas 

3,8%

Linha de produção

3,4%

Embalador à mão

1,6%

Escritório de banco

1%

Outros

      20,2%

Reprodução / Eduardo Oliveira | ZH

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Muitos jovens, no fim do contrato, quando não

há possibilidade de efetivação, acabam ficando

receosos quanto à realidade do mercado de

trabalho. Contudo, a instituição de aprendizagem 

pode prepará-lo para o futuro, conforme explica a coordenadora de aprendizagem do Senac, Luciane Simone de Carvalho. 

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Segundo a coordenadora, a realidade da efetivação na empresa também se dá à vontade que os jovens têm de permanecer na instituição, pois, muitos adolescentes acabam desistindo do curso durante os 12 ou 16 meses de contrato e, consequentemente, do Programa de Aprendizagem. 

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Portanto, ainda é necessário que haja um avanço na reflexão sobre a real efetivação dos jovens após o contrato de aprendizagem e as estratégias para a sua continuidade no mundo do trabalho. 

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LUCIANE SIMONE CARVALHO

Além da questão relacionada à falta de perspectiva quanto a continuidade do jovem na empresa, há outro fator preocupante: conforme aponta o boletim Aprendizagem Profissional: adolescência, identidade e trabalho, do Cadê Paraná, o Paraná preencheu, em 2017, apenas 40% de vagas potenciais para aprendizes. Esse número indica que as empresas paraenses ainda não criaram consciência quanto à possibilidade da contratação de Jovens Aprendizes, que vai além da exigência imposta pela lei. 

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Fim da Lei da Aprendizagem? 

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Além da pouca contratação de jovens aprendizes no estado, a Lei da Aprendizagem está em risco após a criação da Medida Provisória 905/19, proposta pelo Ministério da Economia. A MP busca incentivar o primeiro emprego para jovens de 18 a 24 anos e tem uma proposta muito semelhante à Lei da Aprendizagem, pois prevê contratos com duração de dois anos e inclui a contribuição de 2% com o FGTS. Contudo, a Medida Provisória inclui um incentivo financeiro aos empresários, os isentando da contribuição com o INSS, o que pode oferecer riscos ao jovem, conforme a procuradora do Ministério Público do Trabalho, Mariane Josviak.. “Se o jovem sofrer um acidente de trabalho ou se a jovem engravidar, quem vai pagar?”, questiona. 

Como contratar um Jovem Aprendiz 

Empresas com sete ou mais funcionários precisam, obrigatoriamente, possuir pelo menos 1 jovem aprendiz em seu quadro de funcionários. No entanto, qualquer empresa pode atender à proposta da Lei da Aprendizagem. Para isso, basta buscar uma orientação junto ao RH da empresa e também à instituição que oferece o curso de Aprendizagem. 

 

Informações úteis:

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   * O jovem não pode fazer hora extra;

   * Há limite de trabalho de 5 dias por semana;

   * A Carteira de Trabalho deve ser assinada; 

   * O jovem deve participar do curso de Aprendizagem disponibilizados pelas instituições parceiras da empresa;

   * O contrato não pode ser renovado. 

"Informalidade jovem" 

Muitos jovens, que não tiveram a oportunidade de participar do Programa de Aprendizagem, acabam recorrendo às práticas informais do mercado de trabalho, dentre elas: o crime e a "uberização do trabalho", conforme aponta o especialista do Observatório das Juventudes da PUCPR, Rodrigo de Andrade: 

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